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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Alguém Muito Especial - Caio Cezar

Foi num dia ensolarado, dia de grande alegria, nasce em Guarulhos mais um sobrinho da minha 6ª irmã Aurelina.
Seu nome Caio Cezar, por demora no parto e falta de oxigênio (anoxia), nasce especial com Paralisia Cerebral.
Todos nos sabíamos que não iria ser fácil, que daquele dia em diante ele seria uma pessoa muito especial e precisaria de muito amor, atenção e cuidados...
Mas ele tem muito mais para oferecer a todos nós, no olhar, no choro na hora de irmos embora, aos gritos quando quer algo....
Mais difícil ainda é enfrentar preconceitos de tantas pessoas que não são “deficientes”, mas doentes em falta de amor, compreensão, desrespeito ao ser humano, falta de compaixão...
Dessas pessoas o que dizer, qual sentimento devemos sentir: dó, piedade.... Não! Pessoas assim devemos orar, pois com certeza não tem o dom precioso do amor de Cristo!
Hoje este lindo ser está com 17 anos e enfrentou uma luta no ano de 2011, com tantos problemas de saúde e tantos remédios continua nos mandando mensagem de vida!
Meu lindo Caio saiba que Deus  sabe de todas as coisas e está no comando e controle de sua preciosa vida, mesmo muitas vezes não entendendo o agir Dele e o porque de tantas coisas, mas aceitamos e respeitamos.


Foto: 09/2005

Você é um anjo de Deus! Ele olha por ti! Te amo!

 

Foto: 01/01/2012
Sua tia: Adinalva 

 Emoticons

Visita Especial - Silas

O dia 06/01/2012 foi muito especial, recebi na minha humilde casa o meu ex aluno Silas, que vive atualmente no Ceará.
Esteve em São Paulo visitando parentes e veio com sua mãe e irmão me visitar e tomar um delicioso cafezinho.
É gratificante saber que estou no coração dessas eternas crianças, hoje ele é um moço lindo de 17 anos.
Lembro-me como hoje, no ano de 2002 recebi na Classe Especial da Escola Estadual “Professor Francisco Faria Neto” um garoto moreno, muito comunicativo, bonito e também bastante “sapeca”!
Na fala da mãe Dona Luiza, ela dizia: - “Acho que ele nunca irá aprender nada professora, nem uma letra, ele não tem cabeça para isso!”
Hoje ele está cursando o 3º ano do Ensino Médio e eu fico mais feliz ainda que foi através das minhas mãos que ele aprendeu a escrever, a ler, a resolver as quatro operações até com reservas, os numerais, entre tantas outras coisas como também ser amável e muito mais calmo....
A gratidão de minha parte em ter encontrado pessoas tão especiais em todos estes anos de magistério, obrigada!


Emoticons
Educadora: Adinalva Araújo Lages


Foto: 23/09/2003



  Foto: 06/01/2012

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Depoimento verídico: Uma história de amor que fez toda a diferença

Em uma cidade pobre havia uma criança tímida, apática, olhos sempre baixos e tristes: magrela, seu apelido Olívia Palito...
Na escola recusava a ler, nem se expressava, pois ao abrir a boca temiam que todos riam.
Não participava de nada, nem de passeios, muito pouco de brincadeiras, sempre com muita vergonha. No intervalo muitas vezes, funcionários colocavam na porta da Direção, pois tinham medo de machucá-la.
Em casa também apresentava muita timidez e quando chegava alguém estranho se escondia atrás da porta ou até mesmo embaixo da cama.
Qual era seu problema, sua DEFICIÊNCIA?
Ser muito pobre, ter língua presa, muitos irmãos, pai alcoólatra e agressivo...
Muitos professores foram apagados da memória dessa menina, pois foram apenas professores profissionais.
Já outros estão marcados e serão lembrados para sempre no seu coração, pois foram EDUCADORES PROFISSIONAIS, humanos, amorosos, carinhosos e tinham compaixão.
Eles fizeram nascer nessa tímida menina o sonho de ser “professora”.
Um gesto, um toque, um elogio deles era como ganhar um presente do céu. Eles se interessaram em saber a história dessa simples menina, descobriram seus problemas e porque da sua limitação, e foram atrás de ajuda, de um tratamento...
Eles não a abandonaram no fundo da Sala, poderiam ter feito, pois ela não dava nenhum trabalho de disciplina, também não se manifestava para nada... Mas não, eles a amaram e deram importância e prioridade a seu problema.
Se essa menina fosse deixada apenas pelo cuidado de seus pais poderia ter sido semi-analfabeta, talvez?! Pois além de suas condições, havia pais ignorantes pela vida!
Ser professor é muito mais do que aturar os gritos e chatices dos alunos, cumprir todo seu conteúdo, ter uma sala em silêncio, comportados e cadernos lindos...
Ser professor educador requer aprender mais, ser amoroso, enxergar seus alunos com os olhos de amor, “perder” algum tempo de aula escutando eles contarem um pouquinho de si, de seus problemas, se interessar e descobrir a história de cada um, principalmente os “ausentes” (diferentes).
Enfim, dentro dessa menina foi plantada a boa semente, a esperança, o exemplo e ajuda do educador amigo.
        
Hoje esta menina tímida realmente é DIFERENTE, é feliz, pois seu sonho foi realizado, o que parecia impossível, hoje é realidade, ela se tornou a EDUCADORA: Adinalva Araújo Lages.

Educação Especial: Deficientes Intelectuais

Vou relatar uma história verídica, de fé, amor e dedicação...


Há mais ou menos 19 anos atrás fui convidada pela diretora D. Elizabeth a assumir a Classe Especial na Escola Estadual Professor Joaquim Silvado. De imediato disse: “Não”! Mas com muito jeito ela insistiu, insistiu até eu aceitar. No principio afirmei que iria tentar. Hoje vejo que essa foi a minha feliz e acertada hora em decisão profissional.
Não tinha experiência nenhuma, “apenas” o curso de Pedagogia, somente um ano de experiência no magistério e muito amor, vontade e dedicação para trabalhar.
Naquela época tão apenas os corajosos e os que realmente amavam o magistério permaneciam com a Educação Especial.
“Desistir”!!!. Realmente diversas vezes pensei. Derramei muitas lágrimas, minha família que o diga...
Mas como poderia desistir, virar as costas para aqueles crianças e adolescentes, me acovardar diante dos acontecimentos!... Pois era isso que eu queria e precisava ajudá-los!!!
Foi quando resolvi: vou resistir!!! Para isso mudei meu jeito de agir. Decidi que deveria sim tomar uma atitude, ler mais sobre o assunto, fazer cursos e assumir uma posição na qual tentaria com muito amor, dedicação e carinho ajudá-los, juntamente com suas famílias.
A Classe Especial funcionava às duras penas solitariamente, no quartinho do dentista, realmente segregados, onde piadas entre os colegas da Unidade Escolar eram constantes...
Alunos com graus de deficiência bastante considerável, com idades discrepantes e todos na mesma sala o período todo com a mesma e “solitária” professora.
Palavras, discursos... Perdem-se ao vento, mas ações, atitudes, trabalho, dedicação, compromisso... Ficam!
Esses singelos e poderosos gestos ficam no resultado de todo quando é feito com amor altruísta!
Ficam nos pais que ontem desacreditados nos filhos, hoje podem com orgulho ver a mudança nessas crianças.
Ficam nos passos de alunos que não andavam ao iniciar a Classe Especial, alunos esses que se arrastavam pelo chão.
Ficam nos alunos que hoje sabem se sentar a mesa comer com talheres, se despem, se masturbam no lugar correto e na hora certa.
Ficam nas lágrimas doloridas das mães que todo dia eu presenciava, de ver a mudança de atitude de seu pequeno, que antes gritava, se jogava no chão, agredia sem motivo e hoje... Um moço carinhoso, educado, responsável, sociável....
Ficam nos sorrisos de várias crianças, adolescentes, pais que não esperavam nem mesmo o filho pudesse aprender a escrever seu próprio nome e hoje é capaz de muito mais...
Ficam muitos sonhos realizados pelo aluno Tiago com também Distrofia Muscular. E da aluna Marta que participaram de todas as atividades dentro e fora da Sala.



Hoje, eles se encontram com Papai do Céu e nas doces lembranças em meu coração. Também a saudade e grandes lições de vida que aprendi com eles, e a felicidade de saber que ajudei e fiz parte de muitos sonhos.
Ficam a gratidão das famílias por terem proporcionado não somente aulas, mas ensinamentos e de ter feito parte da pequena história de seus filhos enquanto estiveram na Terra.
Ficam de pais sedentos, perdidos, não sabendo o que fazer e encontra no fim do túnel uma esperança, uma chance de integrar!
Incluir seu filho na sociedade como um todo, na medida do possível, é o mínimo que nos educadores podemos fazer.
Ficam amizades... Lições.... Exemplos... Sentimento de dever cumprido e por toda eternidade, carregarei com carinho dentro do meu coração.
Ficam jovens estagiárias que antes temiam e desconhecia o trabalho feito na Educação Especial e após passarem pela Classe Especial, hoje é uma das minhas colegas de trabalho pois como eu, se apaixonaram e hoje estamos juntas escrevendo uma nova história da Educação Especial...
Quantas frustrações, lágrimas, atitudes tomadas sem poder compartilhar, que no final deram certo. Esse é o melhor resultado final.
Hoje a Educação Especial mudou, evoluiu muito, continua progredindo, já não trabalhamos segregados, sem apoio, sem equipamentos, sem orientações...
Hoje a Educação Especial faz parte da Unidade Escolar, onde o aluno com Necessidades Especiais é de responsabilidade de todos nós, indistintamente.
O maior orgulho não é ter no currículo uma baita lista de cursos (não que isso não seja importante), mas o mais fundamental é ter a metodologia e a didática do amor, gostar realmente do que faz.
Gratidão de pais, sorriso no rosto de quem um dia só sabia chorar... Jovens hoje incluídos na sociedade fazem reconhecidos depoimentos amorosos a respeito do meu trabalho. Agradecimentos a Deus por ser tão maravilhoso comigo e das amizades que fiz nas Unidades Escolares por onde eu passei.
Creio que ali foi plantada e regada a semente de amor e esperança... E muitas flores nasceram, renasceram e outras crescerão...

Obrigada a todos que me apoiaram e contribuíram, direta ou indiretamente para que eu aprendesse e crescesse mais e mais como ser humano...

Educadora: Adinalva Araújo Lages.

Eu e Meus Antigos Alunos da Educação Especial - Saudades